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Edição de 12-03-2009
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Arquivo: Edição de 05-03-2009

SECÇÃO: Opinião

E as amendoeiras... senhor?

Nos anos 50/60, nos meses de Janeiro e também Fevereiro, o barrocal algarvio engalanava-se com o branco das flores das amendoeiras, algumas vezes rosa, que juntamente com o verde das pernadas mais vivas das árvores, dava a nós, aí residentes, a alegria enorme de podermos usufruir dessa aguarela pintada de branco que cobriam os amendoais.

Nesse tempo, falava-se de lendas de mouras encantadas, mas sobretudo falava-se do preço do quilo desse produto, na bolsa de valores, que tinha banca montada no Café Aliança em Faro, onde o Neves Pires e o Chico Pegos, estabeleciam as regras do jogo, melhor, de mercado. Os preços eram, de certo modo, eles que os estabeleciam.

Era outro Algarve o desse tempo mas as coisas mudam todos os dias. E para os agricultores, que asseguravam a continuidade do plantio e conservação da espécie, os tempos mudaram para pior. Os preços correntes eram bons para os compradores e maus para os vendedores, ou seja, para quem produzia e trabalhava a terra.

Houve depois a concorrência da alfarrobeira de manutenção pouco ou nada exigente e cujo trabalho da apanha e retirada da árvore, é menos custoso, não só porque o fruto é maior, enche-se mais depressa a saca e outra vez as coisas mudaram, já que em termos de preços, a amêndoa perdeu para a alfarroba, apesar de a amendoeira ser uma árvore que não é muito reivindicativa em termos de assistência técnica, pois instala-se no sequeiro e não é muito exigente em regas, bastando-lhe uma cava por ano. Mas perdeu terreno, face à alfarrobeira, menos trabalhosa e de maior valor comercial.

A nossa agricultura andou quase sempre um pouco abandonada, os agricultores trabalhavam a terra de forma empírica, não houve formação para os agricultores, parece ter havido quase sempre um divórcio entre as entidades oficiais e os agricultores, penso que os Grémios de Lavoura não passaram de uma figura de retórica, foram mais uns postos de trabalho que se criaram para alguns, é o que me parece, pelo menos uma orientação agrícola a sério, pouco se viu. .

Além do mais, este tipo de agricultura, a plantação da amendoeira, é mais do interior, um pouco longe do mar, cuja situação geográfica talvez tenha contribuído para que a árvore quase fosse deixada ao abandono. Outro contra que nada contribuiu para a protecção da espécie foi a escassez de mão de obra, tornando a disponível bastante cara, por se situar no campo do trabalho sazonal.

A amendoeira é uma árvore que se dá bem nos terrenos quentes e encontrou no Algarve plenas condições de habitabilidade onde criou raízes sólidas, que, de momento parecem estar a desaparecer, sendo vistas grandes plantações de amendoeiras na região de Traz os Montes.

Os mais variados artistas, escritores, poetas e pintores, nomeadamente, inspiraram-se na beleza da sua floração, que surge em pleno inverno no mês de Janeiro e produziram obras de rara beleza estética.

O abandono da agricultura, por um lado, devido ao envelhecimento da população e a transferência do cultivo para o Norte do país, prejudicou talvez o desenvolvimento da cultura da amêndoa no Algarve.

O que é pena.

Visto de longe as flores pareciam um manto de algodão. Lindo mesmo!...

Por: João Brito Sousa

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