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Edição de 12-03-2009
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Arquivo: Edição de 05-03-2009

SECÇÃO: Opinião

Casamentos sem dote…

A telenovela brasileira, “Caminho das Índias”, a correr na SIC, trouxe-me à memória a questão do dote, em tempo dos casamentos negociados, em Portugal. Não se pense que o modelo não existiu na nossa terra…

Existiu sim. E, de vez em quando, levantava grandes polémicas, com as partes a baterem o pé e os noivos forçados a rejeitarem o sistema imposto pelos pais, para casarem sem amor.

Poder-se-á dizer que, na evolução dos tempos, hoje, se faz amor sem se ser namorado ou que os casais se juntam sem nunca casarem. Ou que há (inúmeros) casais do mesmo sexo. Pois é! Mas o dote (dos outros séculos) também apanha, aqui, uma grande derrota…

Era miúdo mas ainda conheci a odisseia de um jovem que estava enamorado por uma moçoila, por quem era doidamente apaixonado. A ideia era casar com ela, mas os pais (dele) tudo fizeram para que isso não acontecesse.

Os pais dela (e ela mesmo) apresentaram queixa, o problema chegou à barra do tribunal, e como o jovem estava em tempo de serviço militar, a instituição entrou no barulho e o mancebo acabou na cadeia.

Durante muito tempo, os pais (dele) gastaram mundos e fundos na justiça. De tal modo que, em vez do dote pretendido, praticamente, ficaram pobres…

O pior de tudo é que, para compensar o filho de um amor perdido, negociaram um casamento à pressa com a filha de um compadre, pessoa também com alguns bens. E a boda dos noivos foi consumada, sem amor nem graça.

Acontece até que o noivo (à força) viveu e morreu sem alegria que se visse, apenas sempre respeitador aos pais –que nunca deram o braço torcer mas, por vezes, tinham desabafos elucidativos, perante a vida algo marginal do filho…

Posso falar de outro caso em que o dote foi a pedra de toque da separação. Certo moço, bem aprumado e distinto, namorou durante anos uma vizinha, moça escorreita, ainda que um bocado “matacão”, até se falar de casamento.

Depois, entrou em campo o pedido do dote. Os pais da moça não foram nisso. O melhor dote, era a filha, moça capaz de ser boa dona de casa e de trabalhar, fosse na costura, nos bordados ou na horta. Querem casar, casem-se, mas não há dote para ninguém!

Um dia, o noivo desapareceu e foi-se casar com uma jovem da cidade, por sinal mais instruída e vistosa. Aparentemente, foram felizes. E a moça? Sofreu muito com a desfeita e, mais tarde, também se casou, com um hortelão endinheirado, vindo de longe. E a questão do dote passou à história…

Poderia continuar a pesquisar e apresentar, aqui, outros fracassos do dote. Prefiro seguir a história “Caminho das Índias” e ver até que ponto aqueles dotes cruzados vão ter sucesso. Tenho dúvidas.

Ao contrário do que se possa pensar, o dote não é apenas um tema ficcional, de telenovela, em desuso. Passou pela nossa terra, não há muitos anos, sobretudo entre as classes mais abastadas e tendo por base o “negócio” dos casamentos ajustados pelos pais. Os compadres.

Prefiro os casamentos de hoje. A malta vai ali ao registo, assina a sociedade, e já está!

Por: Marcelino Viegas

Tempo de leitura: 3 m
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