Edição de 26-08-2010
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SECÇÃO: Opinião

Crianças hiperactivas? (I)

Crianças hiperactivas? E que tem isso?!...

Hiperactivas, sim! Deixá-las ser alegres e felizes na sua hiperactividade, possuídas dessa força anímica e corporal que faz mover o mundo! Só a infância, a adolescência fazem girar o mundo.

Deixai serem felizes essas crianças cheias de vida, que se mexem, que agitam as mais, que igualmente se distraem aparentemente com demasiada facilidade, pois dessas crianças precisa a sociedade, na sua costumada renovação geracional.

Ai, daquelas crianças que pouco se movimentam, que pouco interagem com o meio familiar, escolar e social que as envolve, que não inquietam os adultos, que não perturbam as reuniões sociais, que brincam sozinhas envolvidas no seu próprio ensimesmamento, absortas numa solidão e num esquecimento sem limites!...

Ai, das crianças que não incomodam os professores, não perturbam as aulas, que não são “problema” para as psicólogas resolverem, que não são motivo para as assistentes sociais se preocuparem e investigarem o meio em que vivem e com quem vivem, e que – por acento final – acabam por não ter nas Instituições “lugar”para elas!...

Muito bem, dirão alguns dos técnicos! Muito mal, diremos nós!...

As crianças que fazem tudo “certinho”, as sossegadinhas que a par e passo são elogiadas por serem tão “calmas”, as que agradam a professores, a psicólogos, às próprias Instituições porque preocupação e inesperadas arrelias não provocam, as que são qualificadas de “muito bom” (e… “muito bom”, o quê?!...Alguém nos sabe explicar o que esta expressão significa para os técnicos especializados nestas áreas da Criança “Deficiente”?...), ou são crianças dotadas de personalidade equilibrada, boa formação em bom ambiente familiar, ou então são crianças que sofrem de qualquer psicopatologia (tido “Asperger” ou outra para exemplificar, dado que não existem na prática casos clínicos patológicos “puros”), ou foram rejeitadas pelo “espaço” onde vivem, ou abandonadas por aqueles de quem dependem. Não são crianças, que na sua integridade se poderão enquadrar naquilo a que até há alguns anos se poderia apelidar de “completamente normais” (expressão, cuja análise igualmente daria “pano para mangas”, como soe dizer-se).

E o que é a normalidade, em si?

O que é ser uma criança normal?

A resposta é difícil e extravasa o conteúdo destes artigos, pois mesmo em areópagos internacionais no âmbito da especialidade, nunca se chegou a qualquer definição objectiva e consensual. O mesmo é dizer que existem muitas, nenhuma satisfazendo no geral a comunidade científica.

Algum dos técnicos que trabalham, e têm responsabilidades nesta área da chamada criança deficiente ou “excepcional”, também nos não sabem expor o verdadeiro conceito do termo “normalidade”, o que é perfeitamente compreensível tal a complexidade do que parece evidente, vulgar, comum, quotidiano.

É frequente ouvirmos as mães dizerem. – “O meu filho não pára quieto”, ou então: - “ A professora já me chamou à escola para dizer que a minha filha põe em reboliço a turma toda!... Tem de ir com ela ao médico, ou consultar o psicólogo!...”

Como se o médico, o psicólogo, ou até ao pedopsiquiatra e/ou o/a assistente social fossem “polícias” ou formatadores de personalidades!

Todos sabemos que qualquer técnico a trabalhar nesta área por mais competente que seja não faz “milagres”, nem nunca os fará! Nem isso lhe pode ser exigido, ou vem ao caso.

A designada PHDA (Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção) é comummente aposta em casos de crianças (mais em rapazes do que em raparigas) com uma hiperactividade normal. Ora, isto é que tem de ser contrariado e corrigido.

E necessariamente desmistificado pelos técnicos especializados que aceitam este diagnóstico como “certo”, vindo dos/das professoras com turmas sobrecarregadas de alunos (o que é um absurdo em qualquer parte do mundo e ainda mais em Portugal!...), ou até (pasme-se!...) com base em diagnósticos assinados por alguns psicólogos, certamente muito novos e consequentemente com pouca experiência, ou ainda agarrados às sebentas, não cuidando da sua própria formação contínua!

(continua)

Por: Varela Pires

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