SECÇÃO: Política

Ganhar no campo, perder na secretaria

O que se passa no mundo do futebol, é um nojo, tal como na politica, mas ali parece que é ainda pior. Os personagens que se movem no futebol, normalmente são iniciados que depois de provas dadas pulam as trincheiras da politica e vice versa, com os casos dos Hermínios Loureiros, Valentins Loureiros, Gilbertos Madailes, Ferreiras Torres, Ministros, Secretários de Estado, Deputados, Presidentes de Câmaras Municipais e foram estas, sobretudo que subverteram tudo, chafurdando num atoleiro completamente impossível de descrever ao “comprarem” os votos dos adeptos para conquista e manutenção no poder autárquico. Neste ultimo fim de semana, é noticia um caso gritante, aqui bem perto de nós, em pleno Algarve, na Vila de Olhão da Restauração, ao que parece houve um aliciamento de dois jogadores algarvios para que a troco de 5 000 Euros, cada, podessem, caso aceitassem, viciar o resultado do jogo entre o Olhanense e o Gil Vicente, o tal do galo de Barcelos que já se viu relegado injustamente ? Para divisão inferior, por ter tentado dirimir em instância jurídica inapropriada daquilo que está convencionado para os assuntos do Futebol.

Neste caso, poder-se-à vir a comprovar que correram mosquitos por cordas no jogo de Olhão, e que o Gil Vicente quer à viva força militar na “Super Liga”, não olhando a meios para atingir os fins, o que em Portugal é uma prática corrente, vulgar, bem vista e até bastante acarinhada pela cultura popular que entende que aqueles que seguem esse catecismo, é que são bons, espertos, inteligentes, porque conseguem os seus objectivos triunfadores. É também por isso que qualquer Zé ninguém, aldrabão quanto baste, pode chegar a Presidente de Junta de Freguesia, Vereador, Presidente de Câmara Municipal, e até vir a chefiar o Governo da Nação. Também por tudo isto e o mais que se desconhece, somos o País mais atrasado da União Europeia e até ao nível afro-asiático, já não estamos à frente de muitos. Há igualmente, sobretudo no chamado mundo do futebol profissional e mesmo nos escalões inferiores, a forma de ganhar no campo, mas perder na Secretaria, o que revela um grau de corrupção que abrange letrados e juristas que se não esperava.

Foi o que aconteceu ao F. C. “Os Belenenses”, que por erros e falcatruas alheias com destaque para a Federação Portuguesa de Futebol, a equipa da Cruz de Cristo, mas que nem por isso é respeitada se vê relegada da 5ª posição na tabela classificativa, para o 8º lugar, perdendo 6 preciosos pontos ganhos limpamente, com sangue, suor e lágrimas, favorecendo injustamente a Naval da Figueira da Foz que perdeu por 2 a 1 e agora por artes mágicas, esse resultado negativo passa a positivo com o averbamento de uma vitória por 3 a zero no jogo com o Belenenses e arrecadando os 3 pontos em disputa. Ora, até teria graça se não fosse caricato e repugnante. Com tais manigâncias, o Marítimo do Funchal do Dr. Alberto João, troca a oitava posição pela quinta, entrando directamente na taça UEFA e o Belenenses que no campo da verdade ganhou esse direito, fica arredado da prova, com tudo o que isso representa de prejuízo económico, desportivo e social, uma vez que os seus milhares de associados se sentem ultrajados e completamente roubados.

E o que faz o Governo ? Assobia para o ar, como se nada disto lhe dissesse respeito. A corrupção no Futebol é um assunto nacional, tal como o é na Politica e não podem ficar impunes os seus mandantes, sob pena das populações se revoltarem com toda a justeza, como há muito o deviam ter feito para parar esta classe que nos tem governado ao longo dos últimos 30 anos. Em Itália, o clube do Senhor Agnelo, o dono da Fiat, o maior potentado da industria italiana e europeia, por menor gravidade de factos, foi a “Juventus” parar à 2ª Divisão e o “Milan” do Primeiro Ministro Berlusconi, foi-lhe retirado o título de campeão de Itália e assacados vários pontos, começando o campeonato com muitos pontos negativos que foi debitando com as vitórias no terreno. Afinal, onde está melhor implantada a mafia, em Itália ou Portugal ? Salta à vista que neste caso concreto do futebol, e não só, nosso País leva a melhor, ganhando na secretaria por milhares de 3 a zero.

Deve o Governo tirar as devidas ilações e estar muito atento ao que se passa na praça publica, onde o descontentamento sobe a níveis insuportáveis, que pode rebentar a todo o momento passando do direito à indignação à prática da rebeldia revolucionária porque não pode mais ser espoliado na sua dignidade. Com a crise que se anuncia da escassez de cereais, a inflação galopante, os salários de miséria, a medonha falange de desempregados, e a criminalidade sofisticada cada vez mais protegida, estão criadas as condições para que a tampa saia num momento inesperado, incontrolável e de consequências devastadoras. Os sinais estão todos ai, e quem não os quiser perceber, corre o risco de que se a revolta não vier de dentro, a punição virá do exterior.

Por: Manuel Aires