Edição de 22-09-2011
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SECÇÃO: Sociedade

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Amélia Martins Jorge viveu sempre no mesmo local da freguesia de Paderne

Completar cem anos sem mudar de ares

Paderne tem no seu seio mais uma cidadã que completou cem anos.

Amélia Martins Jorge, nascida no dia 7 de Setembro de 1911, numa pequena habitação situada na Tenoca que faz parte das Almeijoafras e durante um século lá permanece.

Foi no espaço exterior junto da cisterna e da cozinha que a centenária festejou o aniversário, numa cerimónia que teve bolo com velas e outros doces oferecidos por familiares e amigos. A festa foi organizada por dois sobrinhos Ronaldo e Manuel José Jorge e esposas, pois a filha Odete que vive com a anciã não participou por estar a trabalhar e o filho José António, residindo em Faro não se deslocou por dificuldades económicas.

De registar a presença de duas vizinhas, habitualmente ausentes do local mas que não deixaram escapar a oportunidade de felicitar a centenária. Ana de Lurdes Zurrapa e Zulmira Longuinho ofereceram flores e perfumes que fizeram a aniversariante sentir-se mais jovem e vaidosa. Alcançando o ramo de flores e cheirando o perfume repetia: “Eu tenho só cinquenta anos, é mentira dizer que faço cem anos”. Beijava as flores enquanto ria, revelando uma evidente jovialidade.

Presente também uma representação do Centro Paroquial de Paderne que diariamente fornece as refeições, constituídas por duas funcionárias e a directora que ofertaram um bolo.

Terminada a significativa cerimónia a D.Amélia convidou-nos a visitar a sua modesta residência mas que para ela é o seu palácio, donde nunca saíra a não ser para frequentar a escola em Paderne, a igreja para a missa ou a feira anual para as compras necessárias ou possíveis, dados os fracos cursos.

Num diálogo de surdos porque a surdez é a sua incapacidade mais evidente pois quanto à visão não revelou dificuldades e a mobilidade também nos pareceu boa em função da idade, foi-nos recordando alguns dos episódios de um filme geracional que, apesar de não nos ter dito, terá sido de muitas provações.

Sabe ler pois frequentou a escola até à 4ª classe, apesar de não ser vulgar naquela época.

Terá casado com um vizinho, aos 20 anos e porque este era identificado como João Corvo, foi conhecida como Amélia Corvo. Teve dois filhos, ainda vivos, a filha que reside com ela e o filho, desde há cinquenta anos em Faro, onde é técnico de rádio e televisão.

Disse-nos que o marido começou por trabalhar no caminho de ferro mas porque ganhava pouco regressou à agricultura e mais tarde foi operário numa pedreira.

Além de dona de casa também exercia serviços na agricultura, especialmente no Verão. Uma vida muito dura e difícil mas que chegou até aqui.

Não se lamenta da falta de recursos mas da situação do filho que está separado da esposa e em dificudades.

“Agora estou aborrecida porque não tenho aqui o meu filho”.

A irmã Inácia, uns anos mais jovem vive numa parte da velha casa e além de companhia dá-lhe algum apoio, de modo a tornar mais fácil a vida de uma pessoa que dobrou o cabo da Boa Esperança.

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