SECÇÃO: Reportagem

Rancho dos Olhos d’Água mostrou em Toronto Albufeira e suas gentes

Habituados a serem bem recebidos, nos vários países onde têm actuado, os elementos do rancho tiveram recepção calorosa e de inexcedível amizade, não somente dos elementos da direcção da Casa do Alentejo mas dos associados que abriram as portas das suas casas para receberem os compatriotas vindos do Algarve.

O Rancho Folclórico dos Olhos d’Água que se fez acompanhar da cantora Filipa Sousa, actuou em três espectáculos, realizados no salão de festas da Casa do Alentejo que dispõe de excelentes instalações e de que falaremos em futuras crónicas.

Na primeira noite, ainda em fase de adaptação pois a sala não estava cheia, o rancho mostrou como se canta e dança no Algarve e fez aguçar o apetite para o espectáculo de sábado, esse sim com a lotação esgotada e muito entusiasmo, não só do público mas dos jovens elementos do grupo que deixaram bem vincados o espírito guerreiro e de entrega nas actuações de corridinhos trepidantes, valsas bem marcadas ou bailes de roda de ritmos diversos, sem esquecer o “bailo” mandado ou a marcha da amizade que faz reunir no palco, não somente os bailadores do grupo mas os que são convidados que após saídos do apertado molhe, com cenas algo hilariantes, entregam-se nos braços dos moços ou das moças algarvias num rodopio vertiginoso do corridinho.

As qualidades artísticas de Filipa Sousa e a sua simpatia caíram no goto do público deixando um certo desejo de voltar a ouvi-la, pelo que já tem garantidas outras presenças em próximos eventos.

Os elogios ao grupo e à cantora não se circunscreveram ao mestre de cerimónias, Alípio Santos, responsável pelo Clube de Leitura da Associação mas também ao presidente da Direcção, Armando Viegas, um lisboeta, casado com uma alentejana, D.Maria Lúcia e a D. Rosa de Sousa, essa sim alentejana, e Castro Verde.

A apresentação de Filipa de Sousa e do rancho esteve a nosso cargo, assim como à leitura de poemas da autoria de diversos autores portugueses. António Aleixo, Florbela Espanca, José Diogo Cabrita, Maria da Conceição Elói, Maria Feliciana Marques e Augusto Gil foram evocados durante os três espectáculos, onde tiveram lugar também danças contemporâneas pelo par de elementos do rancho, Luís e Rossana, cujas actuações foram muito aplaudidas pelo público.

O espectáculo realizado no domingo à tarde, foi um misto de consagração e despedida, com o público em pé, a manifestar a sua satisfação pelo que vira e ouvira. Os elementos do rancho, onde se incluía Filipa Sousa, depois de saírem do palco colocaram-se à sua frente para agradecerem as palmas, de uma forma algo original.

Enaltecida colaboração dos associados

Anacleto Baptista, director do rancho que nas anteriores actuações agradeceu todas as provas de carinho e amizade, ressaltou o papel das pessoas que receberam os elementos da comitiva e às que nos cinco dias de permanência em terras canadianas garantiram a alimentação dos mesmos ou os acompanharam nas visitas à cidade ou às cataratas de Niagara.

Ainda com longas horas de viagem pela frente, no regresso a Portugal, os elementos do Rancho Folclórico dos Olhos d’Água trouxeram no coração a alegria de terem participado nessa Semana do Algarve que foi muito mais que isso pois constituiu um dos elementos mais altos das suas vidas, não somente artísticas ou lúdicas mas pessoais.

Quanto ao rancho arriscamo-nos a dizer que foi atingido o momento mais alto da sua ainda curta existência. O nome do Algarve, principalmente dos Olhos d’Água e de Albufeira foram dignificados.

O folclore como factor cultural de base popular, cumpre a sua missão lúdica, unindo pessoas de diversas regiões do país, neste caso fora da sua pátria, mas com ela no coração. Desta vez foi o Rancho Folclórico dos Olhos d’Água a fazê-lo e de forma brilhante, ainda que despida de preconceitos pois tudo o que mostraram foi simples e espontâneo.

Por: Arménio Aleluia Martins