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Edição de 05-03-2009
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SECÇÃO: Albufeira

Construídas em materiais naturais

Escolas de Sesmarias e Fontaínhas em taipa

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Numa visita às obras de ampliação das escolas do 1º ciclo do ensino básico das Sesmarias e Fontainhas foi possível ver como se desenvolvem os trabalhos de construção em taipa, dentro do programa de construção sustentável que visa, não somente utilizar materiais existentes nos locais mas permitir mais funcionalidade e melhores condições em termos térmicos e ambientais

Técnicos, convidados e jornalistas concentraram-se nos Paços do Município de onde saíram em autocarros até à Escola EB 1 das Sesmarias para verificação, no local, de como decorrem as obras.

O engº Valdemar Cabrita, no espaço destinado ao refeitório deu algumas explicações sobre a construção:

“As Escolas Básicas do 1º Ciclo das Fontainhas e Sesmarias encontram-se em obras de ampliação, estando a ser construídas com o recurso a matérias-primas recicladas e recicláveis. Os projectos, baseados nos princípios básicos da construção sustentável, fazem parte do programa base de eficácia energética, com o recurso a materiais locais.

As duas edificações têm por base matérias-primas como a terra na concepção das paredes exteriores (através da técnica de execução em taipa) e as divisórias interiores construídas em adobe. A madeira é utilizada para a construção da estrutura de cobertura destes dois espaços.

Características: Material de construção composto por terra humedecida, tendo na sua composição silte, areia, argila e pedra nas quantidades adequadas. A taipa militar, utilizada na ampliação da EB1 das Fontainhas, difere pela adição de cal.

Vantagens económicas e ambientais: minimiza os gastos energéticos com aquecimento e arrefecimento, sendo que a construção em taipa proporciona no interior temperaturas mais baixas no Verão e mais amenas no Inverno.

Utilização: Edificação de paredes de exterior com cerca de 55 cm de espessura.

Quantidade de material utilizado: 830 toneladas

- Fontainhas – 418 toneladas

- Sesmarias – 412 toneladas

A terra utilizada na taipa foi extraída directamente do subsolo, sendo utilizada seca e humedecida aquando da sua aplicação, para que se obtenha o grau de humidade adequado. Desta terra são extraídas pedras, com dimensão superior a uma noz, raízes e folhagem, estas últimas apodrecendo podem deteriorar a taipa na sua execução.

Este é um processo complexo exigindo elevado grau de cuidados a ter na manutenção, conservação e manuseamento desta matéria-prima.

Os adobes têm como características material de construção composto originalmente amassado com argila e palha, cortado em forma de tijolo e seco ao sol.

Apresentam-se como pequenos blocos de forma rectangular, elaborados artesanalmente.

Utilização: Edificação de paredes de interior de habitações, com cerca de 15 cm de espessura.

Vantagens económicas e ambientais: biodegradável; reciclável; requerendo baixo consumo energético; excelentes propriedades térmicas e acústicas.

Quantidade de material utilizado: 18.36 blocos

- Fontainhas – 9.576 blocos

- Sesmarias – 8.460 blocos

Paredes em taipa e adobe

No reboco das paredes do interior dos edifícios é utilizada como matéria-prima o barro, sendo as paredes exteriores cobertas com materiais recicláveis de isolamento térmico. Em ambas as construções o controlo natural da humidade do ar efectuado pelas paredes em terra vem permitir a captação da humidade no Inverno a sua libertação no Verão.

Energias alternativas

As energias renováveis no planeta são infinitas, embora distribuídas de uma forma desigual, Portugal é um país extremamente rico em recursos renováveis.

Nesse sentido, as edificações nas Fontainhas e Sesmarias irão recorrer às energias renováveis para aquecimento das águas, produção eléctrica, através do sistema fotovoltaico e aquecimento e arrefecimento do ar, esta última aplicada na EB1 das Sesmaria”.

Optámos por esta construção por ser sustentável

O vice-presidente José Carlos Rolo, responsável pelo pelouro da Educação na sua intervenção referiu: “Queria agradecer a vossa presença e dizer-vos que esta é uma obra que a Câmara Municipal entendeu fazer. Não é vulgar mostrar uma obra nesta fase mas justifica-se, até porque no dia da inauguração viam apenas um edifício muito parecido com outro qualquer. Queremos no entanto nestas duas escolas (Fontainhas e Sesmarias) que haja uma exposição de fotos e de materiais da obra que foram aqui utilizados. Isto para que todos entendam como foi construído.

Foi um desafio que lancei. Há uns anos atrás em Paderne promovemos com a CCDR um projecto onde um dos vectores era utilizar a taipa concretizado pelas crianças que hoje estão aqui presentes. Foi motivado por esse trabalho que senti vontade de fazer este. Claro que houve muitas interrogações pela parte dos técnicos mas o engenheiro Valdemar aceitou a ideia de alma e coração. Em termos energéticos e ambientais estes edifícios têm muito mais vantagens. Claro que nem todos poderão ser construídos em taipa pois obriga-nos a que sejam construções térreas e nem sempre há áreas disponíveis para isso especialmente quando são muitas salas. Há algumas contingências em termos de espaço mas aqui não houve problemas.

Este terreno foi-nos cedido pelo presidente do Benfica, Senhor Luís Filipe Vieira que será convidado na data da inauguração. Foi ainda no sentido pedagógico e educador que optámos por esta construção utilizando também materiais recicláveis e energia foto-voltaica e geotérmica”.

Terminou desejando que este conhecimento possa ser expandido.

A educação é uma área fundamental

O Presidente da Câmara de Albufeira, Desidério Silva a encerrar este período disse:

“Há um ponto importante que é preciso realçar é que nós queremos ser uma cidade educadora mas fazemos por isso, sendo a escola e a educação uma das áreas fundamentais. Nos últimos anos temos feito muitos investimentos em termos de equipamentos em todas as freguesias contribuindo para que em termos pedagógicos e didácticos as escolas funcionem e tenham espaços agradáveis.

As intervenções nestas escolas com características particulares é a prova de que a preocupação desta autarquia é evidente em questões ambientais.

Queria agradecer aos técnicos e às empresas que se envolveram neste projecto, assim como ao proprietário do terreno, sendo um sinal que o concelho de Albufeira está atento. Era bom que os nossos adversários políticos estivessem presentes para se certificarem do trabalho que vamos fazendo em termos, não só de educação mas também de muitas outras áreas”.

Depois de uma visita guiada às obras da Escola das Sesmarias a comitiva dirigiu-se para a Escola das Fontainhas onde prossegue em bom ritmo a ampliação do espaço também em construção de terra mas de uma forma algo diferente da primeira pois utiliza uma técnica mista com betão armado.

Por: Arménio Aleluia Martins

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