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Edição de 12-03-2009
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Arquivo: Edição de 11-09-2008

SECÇÃO: Correio

Carta aberta ao presidente do Município de Lagoa

A Câmara de Lagoa e as moscas…

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O ano passado, por esta altura, regressado de férias, dei-me à boa vontade construtiva de chamar à atenção da edilidade de Lagoa para a necessidade de alterar, para melhor, claro, os serviços de contenção do lixo, recolha e respectiva higiene dos depósitos, porque, dizia, o turismo, sendo a actividade nuclear do Algarve e importante fonte de receitas nacional, tem obrigatoriamente que merecer todos os cuidados, sob pena desta galinha de ovos de oiro poder eventualmente ir definhando, até ao seu desaparecimento, ou míngua para lá do que se entende razoável, ou mesmo catastrófico. E será bom lembrar, que, a catástrofe, a acontecer, cairá, em primeiro lugar, sobre os algarvios,

Há um ano chamava à atenção para a ausência de recipientes de separação de lixos junto aos complexos de Vila Vita e aldeamento Vila Mourisca, no concelho de Lagoa, com Armação de Pêra à vista.

Cheguei a envergonhar-me de ver turistas de sacos de lixo separado nas mãos em busca dos respectivos contentores sem os encontrarem e acabarem por os colocarem muito arrumadinhos no chão, enquanto encolhiam os ombros, na vã esperança de que esse pequeno esforço ecológico pudesse ter, de algum modo, ainda alguma continuidade útil na recolha. Claro que os funcionários de recolha do lixo limitavam-se a atirá-los para dentro da viatura de recolha, misturando-os com a generalidade do lixo.

Pensei que este ano a coisa tivesse tomado outro caminho. Não que o que escrevi pudesse ter servido para alguma coisa. Não sei se Lagoa lê “A Avezinha”. Mas se não lê… deveria ler. Não só porque o jornal está bom, mas também porque pode ser útil; politica ou socialmente.

Afinal, este ano tudo continua na mesma. Dei-me ao trabalho de dar uma volta por aquela zona e encontrei locais onde, de facto, a separação dos lixos se faz em recipientes até muito agradáveis à vista. Por sinal colocados numa artéria de grande fluxo de trânsito; muito movimentada. Vá lá saber-se porquê ali… Porque razão esta prática não está generalizada, não consigo entender. Vila Vita e o aldeamento Vila Mourisca não entrarão nas preocupações ambientais e de saúde pública do Sr. Presidente da Câmara. Não haverá por ali também gente de Deus?

Mas, para lá da manutenção desta precariedade, este ano tive visitas inesperadas; as moscas…

Vieram sem serem convidadas e emporcalharam-me as refeições que gosto de tomar na varanda, donde posso espraiar a vista por esse majestoso mar algarvio que se estende naquele azul vivo e alegre até ao horizonte.

Mas tive sorte, não obstante. Este ano faltaram-me os mosquitos. Não que não cirandassem por ali, mas as condições atmosféricas foram quase sistematicamente adversas a voos nocturnos, tendo em conta o vento agreste que se veraneou este ano por quase todo o Agosto. Quase tive pena dos pobres coitados dos bichos, não fora o alívio das minhas noites, desta vez (contrastando com o ano anterior) passadas em sossego e sem aquele som arrepiante de broca de dentista junto aos meus ouvidos.

Mas as moscas vingaram o meu sossego nocturno, desbaratando-me o prazer de saborear, deliciado, uma ou outra sardinhada, fazendo questão de se sentarem comigo à mesa, com o inusitado desplante de aparecerem sem serem convidadas. Eu até dei por aceitar, sem grande perturbação, o sotaque meio espanholado das sardinhas, compreendendo que o fenómeno da globalização (algo que nos há-de globalizar até a alma…) também terá que atingir as sardinhas, pouco perguntadas sobre esta questão, como julgo que tem vindo a acontecer. Pois, se nem a nós nos perguntam se queremos ser globalizados…

Mas as moscas, essas sim, eram portuguesas e bem portuguesas. Não lhes ouvi a fala mas conheço-lhes os hábitos e a proveniência, coisa que não é muito difícil de entender.

Não sei se as moscas se dividiriam muito politicamente caso fossem chamadas a votar em eleições autárquicas. Por esse lado o Sr. Presidente da Câmara de Lagoa, garanto-lhe, tinha a continuidade do cargo assegurada por mandatos sucessivos. E eu, se fosse mosca, faria o mesmo. Quem me trata bem tem o meu voto.

Ao longo da rua, que ladeia o aldeamento e termina na Vila Vita, há três caixotes de lixo. Nenhum tem aquele sistema de pedal que mantém o caixote sempre fechado, ou os que o tiveram estão deteriorados; na maior parte do tempo ficam abertos todo o dia; por fim, promovi um pequeno concurso entre os três para tentar concluir a qual atribuir um prémio simbólico quanto ao que exalava o cheiro mais nauseabundo e acabei por me ficar por um empate justo entre os três, sem grande contestação das partes, diga-se…

Aproveitando o momento matinal em que os caixotes estão mais vazios, dei-me à curiosidade de procurar entender os motivos de tanta saúde e alegria das moscas, bem como confirmar se a eventual tendência se voto das mesmas tinha razão de ser.

Bem lá no fundo havia um depósito meio enegrecido e recalcado de porcaria que nem deu tempo a descortinar o tipo de materiais (diversificados) que o compunham. O irrespirável atacou-me o olfacto com tal ferocidade que achei por bem suster ali a minha curiosidade. Ainda admiti uma segunda tentativa mas breve desisti convicto de uma certeza; fossem, de facto, as moscas eleitoras e haveria muito pouca disputa política em Lagoa…”ï:

O Senhor Presidente, que não tenho o prazer de conhecer, nem saber a que força política se acolhe, não me levará a mal o tom meio humorado com que lhe escrevo estas linhas.

Acontece que cheguei a um determinado ponto desta minha vida em que só me apetece rir com as coisas sérias. E quererá saber porquê?

É que estou cansado de levar a sério as coisas que só me dão vontade de rir…

Leonel Cabrita - Queluz

Tempo de leitura: 5 m
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Comentários dos nossos leitores
Vizinho
Gostei: Sem Opiniao ... Concordo: Discordo
Comentário:
Por acaso até é da responsabilidade da ALGAR a colocação de novos Ecopontos, e NÃO da Câmara!!!
 
José
Gostei: Muito Concordo: Plenamente
Comentário:
Estas são algumas das moscas que temos no nosso concelho, mas acreditem que há "outras " bem piores que "infestam os gabinetes da Câmara Municipal". Acho que com essas ditas é que temos de pensar em nos começar-mos a preocupar antes das próximas eleições autárquicas...
 

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